Gostava de te encontrar por acaso. Ao subir uma escada, ao descer do sol. Surpreender-me, «Por aqui!», sorrir divertido, tremer apavorado - por dentro, só por dentro. Abraçar-te e encher-te de beijos... - por dentro, só por dentro. Perguntar-te da vida, do trabalho (novo namorado?... - por dentro, só...). Olhar-te bem fundo nos olhos, roubar-te a alma. Roubar-te a alma por dentro e por fora.
Ia sorrir, olhar o relógio, «Tens de ir?» - perguntavas tu. E eu acenava, aguardando que não me deixasses, que continuasses a falar e falar, sobre o trabalho, os colegas, o estudo, os professores, o que fosse, até futebol, telenovelas, a cor do chão e do céu...
Gostava de te encontrar sem que me olhasses com pena por não me amares. Sem que sentisses na minha voz o peso da tua culpa por não teres partilhado o teu coração. Gostava só de te encontar.