26 junho 2008

Seis meses

Sendo a esperança de vida do homem médio português de setenta e cinco anos, seis meses equivalem a um cento e cinquenta avos (ou seiscentos e sessenta e seis partes por mil) de uma vida. Muito pouco portanto.

E se eu sentir cada uma das quinze milhões, setecentas e sessenta e oito mil, trezentas e vinte e duas batidas que o meu coração sofreu nesse «pouco portanto»?... Se eu lembrar cada uma das cento e oitenta e três solitárias manhãs em que não acordaste comigo? Se eu chorar cada uma das cento e oitenta e três solitárias noites em que fingi adormecer, sem souber se estavas bem, alegre, triste ou adormecida?...

Seis meses tão mal contados.

05 junho 2008

Apeteces-me

Neste instante que tantas vezes o poeta criou, o prosador descreveu... nem sei bem como não deixar as palavras quebrarem-se em letras e desfazerem-se em pó por entre os dedos, cansadas do uso e do re-uso. Este repetido querer, este sentir insistido. De ti. Do amor.

Vem, tu. De novo, tu. Sempre tu... A originalidade está sobrevalorizada. Criem as artes românticas e fantasistas a novidade. Eu, eu, eu... e tu, tu , tu. Únicos nós - todos os dias, em todos os momentos. Maçadoramente. Quotidianamente. Rotineiramente.

Sim. Sinto o que todos os homens já sentiram, em muitos versos os poetas melhor eternizaram, cantores verteram em salas consoladas... Mas vem, e a felicidade - do momento repetido e re-repetido - nos abarcará. Hoje como ontem e amanhã. E sempre, e sempre.