25 outubro 2006

Porque a vida é curta de mais

Sei que estás aí. Ausente e distante. Longinquamente sem mim. E tu, sabes que estou aqui, igualmente sem ti.

Sinto a tua respiração pesada, os olhos molhados, as olheiras fundas. E tu sentes a mim. Sinto uma dor estacada no peito, imobilizando-o, puxando o ar a cada sopro, expirando quando eu inspiro. E cravando-se em cada respiração… E choramos, tu aí, e eu aqui.

E depois da noite vem outro dia, apenas porque o tempo não pára nunca. E quando a embriaguês da dor começa a sumir-se, escorrendo o escuro sentimento digerido pelas entranhas encrespadas… um brilhar luzidio recomeça. Reconheço-o como a um velho amigo que regressa a casa. A paixão aturdida, entrincheirou-se. O meu olhar magoado, embruxado, olvidou-a do campo de visão. Mas o amor não morre. E não recomeça, apenas ressurge. Como o destino.

E então olho de novo para ti. E começo a caminhar. A correr. Na verdade, voo. Sinto ainda uma lágrima ao canto do olho, uma cicatriz no coração. Mas acarinho-as e celebro-as. São a nossa marca. E simplesmente… não há mais tempo para gastar sem ti.