11 outubro 2006
À beira-estrada
Na pele um travo frutuoso, de obra da terra, da época. Macios os beijos, deslumbrantes na entrega. As minhas mãos que te passeiam, como se te definissem a cintura, moldassem o ventre. E sinto a tua respiração acelerar. Sinto o choque, do frio que me habita, tocar o calor do teu corpo. Sinto os músculos contraírem-se, a pele arrepanhar-se, a penugem eriçar-se. E depois sinto o teu calor a invadir a minha mão. Simbiose. Sinto a harmonia celsia, sinto que lentamente já não sentes frio. Sinto que envolves a minha mão. Sinto que me sentes e já não a temperatura. E que não te toco, nem acaricio, nem afago… porque já não há eu e tu. Apenas um corpo que se beija à beira-estrada.