09 novembro 2006

Poema

A vida rimou-me contigo sem métrica regular, nem estilo definido. Numa qualquer Primavera buscou e desejou a inspiração, pedindo-a à praia, talvez num inocente flirt com o mar, numa conversa de serra e montanha. Mas a musa nem levantou os olhos do seu doce sonho, suave dormir. Ao primeiro verso branco o coração palpitou, o olhar brilhou, o sentimento chegou. A paixão invadiu aquela praia como tirando desforço de toda a injustiça deste Mundo… e de muitos outros. Selvagem, errática, destruidora… densa e sem leito. Arrastou-nos aos dois mar adentro, em êxtase, em pânico, presos um ao outro – com garras de existir apenas um nós, não dois. Ninguém assim ama impunemente, soprava o vento.

O Sol brilhou abrasador e secou-nos a pele deixando apenas sal branco e reflexos de luz. Serenou o vento no passar da quadra, no fim do soneto… e nós ali ficámos. Na linha sangrenta que nos atropelou, recolhendo restos, chorando memórias, mas juntos. Uma paixão assim, só se desperdiça por um amor maior.