Doem-me partes de mim que eu nunca antes sentira. A mágoa entranhou-se em mim com as suas raízes negras perfurantes e dedilha agora nervos profundos e esquecidos. De histórias antigas e palavras mal medidas. De actos irreflectidos, de conselhos que nos afastavam e de destinos que nos tolheriam. Este fel borbulhante e espesso escorre-me das feridas, em tons de negro e lustre. A dor tem faces bem piores que a mera dor. Tem a dor que não é dor, mas memória de dor. E essa dor velha hoje é dor também.
E hoje não te quero ver, nem ouvir. Hoje não te quero. Não quero precisar de ti. Não quero as tuas palavras, os teus sons. Não quero nada de ti, hoje. Desde que estejas aqui comigo.
E hoje não te quero ver, nem ouvir. Hoje não te quero. Não quero precisar de ti. Não quero as tuas palavras, os teus sons. Não quero nada de ti, hoje. Desde que estejas aqui comigo.