27 julho 2006

Só tu

Nunca tenho vontade de te escrever. É sempre a esforço que a tinta negra invade o ecrã alvo e luminoso e lhe escurece as primeiras letras, as primeiras palavras. As frases, descaroço-as a pulso, e agrilhoo-as ao texto, sob pena de me reentrarem pelos poros e se reintegrarem no seu lugar devido. Na verdade, escrever-te é um suplício que me corrói como veneno, sulfúrico, gangrena, trespassando-me as veias e derretendo-me a pele, na iminência sempre ausente da morte. Na companhia da dor. Da agonia. Do delírio.

Nas palavras não vai o meu beijo.
Nas palavras não vai o meu olhar.
Nas palavras não vai o meu cheiro.
Nas palavras não vai o meu abraço.
Nas palavras não vai o meu desejo.
Nas palavras não vai o meu amar.

Na resposta não vens tu.