De remota origem, entre músculos e dor, trepa o peito à força de uma mágoa constringente que a empurra. Contra suspiros de vazio. E o peso. Um peso atlante.
Na garganta estaca-se e finge que desce. Engole-se e bebe-se, mas na verdade não mexe. Sobe aos olhos sem barulho. Chega e soluça. De um soluço profundo, de remota origem.
O olho pisco, ela verte. Leva consigo um pouco de alma, um pouco de dor. Apenas uma lágrima de dor. Única que partilha a tua tristeza. Pudesse eu descer também. Levar comigo as tuas palavras de mágoa e terror. Largá-las na torrente de um choro infindável, abruptamente nas bochechas coradas, nos lábios doridos. E lentamente, ir fechando a torneira, secando os teus olhos. Deixar-me, por fim, igualmente escorregar ao lado do teu nariz, na tua boca.
Eu seria mais lágrima.